Entre as medidas implementadas estão a vacinação direcionada, a ampliação da capacidade de diagnóstico e testes de vacinas e terapias potencialmente eficazes, e a intensificação da vigilância epidemiológica para conter a disseminação da doença
A contaminação ocorre principalmente através do contato com lesões cutâneas | Foto: OMS
A mpox, uma doença viral zoonótica que se manifesta com sintomas semelhantes à varíola, emergiu como uma importante preocupação de saúde pública global nos últimos anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou novamente a doença como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) em 14 de agosto de 2024, em resposta ao aumento significativo de casos em diversas regiões do mundo. No Brasil, o surto de mpox também demandou uma resposta rápida por parte das autoridades sanitárias.
Na última quinta-feira, 15, um dia após a declaração da OMS, o Ministério da Saúde do Brasil instalou o Centro de Operações de Emergências (COE Mpox) na sede da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), em Brasília. O objetivo é centralizar e coordenar as ações de prevenção e combate à doença, após a declaração da OMS. Este ano o Brasil registrou 709 casos de mpox.
A resposta do governo brasileiro incluiu a criação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para coordenar as ações de prevenção e controle da doença. Além disso, foram implementadas campanhas de vacinação em grupos de risco, ampliada a capacidade de diagnóstico e fortalecida a vigilância epidemiológica. No entanto, desafios como a desigualdade no acesso aos serviços de saúde e a desinformação sobre a doença continuam a dificultar o controle da mpox no país.
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Segundo o MS, o COE Mpox conta com representantes de diversos órgãos incluindo Anvisa, Fiocruz, Organização Pan-Americana de Saúde (OPAs) e de conselhos estaduais e municipais de saúde, atuando com uma equipe de profissionais de diversas áreas, como epidemiologistas e infectologistas, e representantes de diferentes níveis de governo, para implementar medidas de controle, como vigilância epidemiológica e vacinação. A ministra da Saúde, Nísia Verônica Trindade Lima, enfatizou que não há motivos para alarme.
“Uma pandemia não foi declarada, mas é necessário manter um estado de alerta e monitoramento em relação ao vírus”, declarou
O órgão garante que intensificou as ações de combate à doença, ampliando a capacidade de diagnóstico com testes moleculares em 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN) e em três laboratórios de referência nacional. Medidas adicionais incluíram vacinação direcionada para grupos de risco, oficinas sobre sistemas de informação e tratamento para pessoas vivendo com HIV/Aids, e webinários nacionais para profissionais de saúde.
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A secretária de vigilância em saúde e meio ambiente, Ethel Maciel declarou durante a instalação do COE, que “há uma vigilância sensível para Mpox e, de forma preventiva, as recomendações e o plano de contingência para a doença no Brasil estão sendo atualizadas.” O Ministério da Saúde declarou que, entre maio de 2022 e março de 2023, foram registradas 111 mortes por mpox - anteriormente conhecida como Monkeypox ou varíola do macaco - em todo o mundo, com o Brasil ocupando o terceiro lugar em número de óbitos, totalizando 15 mortes. O país também relatou o maior número de casos confirmados na América Latina, com cerca de 11 mil casos até março de 2023. Segundo a Fiocruz, este ano foram registrados pouco mais de 700 casos no Brasil, sendo o estado de São Paulo o mais afetado, mas o governo afirma que é um número consideravelmente menor em relação aos mais de 10 mil casos de 2022. E de acordo com a OMS, a doença, que surgiu na África Central e Ocidental na década de 1970, agora apresenta uma nova variante denominada de clade Ib e já causou a morte de pelo menos 450 pessoas na República Democrática do Congo recentemente.
Declarações da OMS
Outra variante, o clado II, foi responsável pelo surto de 2022 na Europa, continua a circular em várias partes do mundo. Kluge afirmou que, apesar disso, medidas de saúde pública como vacinação direcionada e engajamento comunitário são eficazes para controlar a mpox. O vírus do gênero Orthopoxvirus se espalha rápido, a transmissão ocorre principalmente pelo contato com lesões cutâneas de pessoas ou animais infectados, ou mucosas e fluidos corporais, incluindo durante relações sexuais. Mas o risco para a população em geral é considerado baixo. Kluge enfatizou que não há necessidade de lockdowns na Europa e que a situação pode ser controlada com ações coordenadas. Os sintomas da doença incluem febre, dor de cabeça, linfadenopatia e erupção cutânea. O diagnóstico é confirmado por meio de testes laboratoriais. Apesar de já existir uma vacina aprovada pela União Europeia, Estados Unidos, Canadá e outros países durante a emergência de saúde global em 2022, nem a MVA-BN nenhum dos imunizantes disponíveis age especificamente contra o vírus. O desenvolvimento de vacinas e tratamentos específicos para a mpox ainda tem sido uma prioridade para a comunidade científica, embora ainda existam desafios a serem superados. A OMS não recomenda vacinação em massa, mas sugere imunização para grupos de risco e pessoas expostas ao vírus. A organização também está em diálogo com farmacêuticas para ampliar testes de vacinas e terapias potencialmente eficazes contra a mpox. A situação continua sendo monitorada globalmente, e os países são aconselhados a atualizar suas estratégias de prevenção e resposta à doença.