Dados apontam que número de internações e óbitos cresceu em várias regiões do país.
Mycoplasma pneumoniae é responsável por um tipo de pneumonia conhecida como atípica | Foto: SBPT
O Brasil enfrenta uma onda de doenças respiratórios e casos de pneumonia, com diversas regiões registrando um número elevado de internações e óbitos, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com comorbidades. Entre os tipos de pneumonia, a causada por Mycoplasma pneumoniae, conhecida como pneumonia silenciosa, tem apresentado um aumento notável. Embora o aumento de casos fosse esperado devido às variações sazonais, os números estão acima da média em relação ao mesmo período de 2023.
De janeiro a abril de 2024, a Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa) registrou 9.950 internações para pneumonia ou influenza, com uma média de 82 internamentos diários e 1.521 óbitos. Na capital, o Hospital Pequeno Príncipe registrou 537 atendimentos emergenciais para pneumonia atípica, um aumento de 116% em comparação ao ano anterior. No estado, foram realizados 84.639 atendimentos para pneumonia e gripes no primeiro semestre.
Em São Paulo, os atendimentos por pneumonia aumentaram 36,4% no primeiro semestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023. O Hospital Municipal Infantil Menino Jesus registrou 675 atendimentos pediátricos, um aumento de 36,3%. O Hospital Israelita Albert Einstein contabilizou 244 casos de pneumonia causada por Mycoplasma pneumoniae, em contraste com apenas 4 casos no ano passado. Em Campinas, a rede pública registrou 2.429 atendimentos por pneumonia, comparado a 2.144 no mesmo período de 2023.
Em Porto Alegre, o Hospital Moinhos de Vento contabilizou 349 internações por pneumonia entre janeiro e junho de 2024, contra 245 no ano anterior. No Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde relatou um aumento de 69% nos atendimentos de urgência e emergência por pneumonia na rede municipal, com a maioria dos pacientes sendo crianças menores de 10 anos, embora dados detalhados sobre os tipos de pneumonia não tenham sido fornecidos.
No Distrito Federal, 261 casos de pneumonia foram notificados na segunda semana de abril. Na rede particular, os casos aumentaram 105% de janeiro a abril, passando de 2.132 para 4.366, conforme dados do Hospital Brasília Águas Claras. Em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, 52 adultos foram diagnosticados com pneumonia entre janeiro e julho deste ano. Entre janeiro e julho de 2024, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) registrou um total de 9.526 internações por pneumonia nas unidades da rede estadual. O número de internações variou ao longo dos meses, com 731 casos em janeiro, 996 em fevereiro, 1.433 em março, 1.784 em abril, 1.802 em maio, 1.474 em junho e 1.306 em julho.
No Cerá, até o momento foram registradas 1.404 mortes relacionadas à infecção, números semelhantes aos do mesmo período do ano passado. A cidade de Fortaleza lidera o número de internações, com 9.680 casos, seguida por Sobral, com 1.738 internações, e Brejo Santo, com 1.511 casos, ambos localizados na Região Norte e no Cariri, respectivamente
Especialistas apontam fatores como mudanças climáticas sazonais, aumento da circulação de vírus respiratórios e baixa cobertura vacinal contra gripe e pneumococo como contribuintes para o aumento dos casos. A pandemia de COVID-19 também afetou a imunidade coletiva, reduzindo a exposição a agentes infecciosos como o Mycoplasma pneumoniae, responsável por pneumonia atípica, cujos sintomas iniciais são menos evidentes e têm contribuído para o aumento das internações.
O Ministério da Saúde está promovendo a vacinação, especialmente para crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas, e realizando campanhas de conscientização sobre a importância de procurar atendimento médico ao surgirem os primeiros sintomas. A população é incentivada a comparecer às Unidades Básicas de Saúde para receber as vacinas contra influenza e pneumococo.
Os sintomas da pneumonia silenciosa podem incluir tosse persistente, secreção nasal e mal-estar semelhante ao de uma gripe. Além disso, a condição pode causar pressão no peito, fraqueza e dor no corpo. Esses sintomas são menos evidentes inicialmente, o que pode dificultar o diagnóstico precoce da doença. Para prevenir a pneumonia, é importante adotar práticas como a vacinação, manter a higiene adequada das mãos e desenvolver hábitos de vida saudável, incluindo o não consumo de tabaco. O aumento nos casos de pneumonia contribui para a sobrecarga do sistema de saúde brasileiro, ainda em recuperação das consequências da pandemia de COVID-19. A presença de cepas bacterianas resistentes aos antibióticos torna o tratamento mais desafiador, aumentando o risco de complicações graves e mortes.