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Entre lava e cinzas: conheça o mundo dos vulcões

Existem 1.350 vulcões ativos no mundo, esses gigantes de magma moldam paisagens e culturas, revelando segredos desde a Terra até outros planetas.

Eurpção do vulcão Eyjafjallajokull, na Islândia, gera tempestade elétrica | Foto: USGS

Recentemente, o vulcão Etna, localizado na ilha da Sicília, na Itália, um dos mais ativos da Europa e do mundo, entrou em erupção. Cinzas cobriram as pistas do aeroporto de Catânia e provocaram seu fechamento, impedindo pousos e decolagens. Esse tipo de episódio altera a vida cotidiana, especialmente em regiões próximas.

Vulcanólogos são profissionais especializados no estudo detalhado dos processos vulcânicos, utilizando tecnologias avançadas como sismógrafos e satélites. Eles monitoram as atividades subterrâneas para prever possíveis erupções e mitigar os impactos dessas explosões, preparando comunidades vulneráveis para essas emergências. Atualmente, existem 1.350 vulcões ativos no mundo, dos quais 500 entraram em erupção nos últimos 12.000 anos. A maioria desses vulcões está localizada no Anel de Fogo do Pacífico, com países como EUA, Indonésia, Japão, Rússia e Chile apresentando a maior concentração.

Vulcões são aberturas na crosta terrestre conectadas a uma câmara subterrânea onde o magma, uma mistura de rocha fundida, gases e vapor de água, fica armazenado sob alta pressão. Durante uma erupção, o magma é expelido para a superfície devido à pressão acumulada, resultante do movimento das placas tectônicas nas zonas de convergência. Esse magma pode causar diferentes fenômenos, como o derramamento de lava e a emissão de fragmentos de rocha chamados piroclastos. Grandes nuvens ardentes, carregadas de cinzas e gases tóxicos, podem se formar e descer rapidamente pelas encostas vulcânicas a velocidades superiores a 200 km/h, representando um perigo extremo para as populações locais. Clique e siga Ciência Elementar no Instagram 

Os vulcões variam em forma e tipo. O Etna, por exemplo, é um vulcão de erupção central, onde o magma sobe por um conduto cilíndrico. Esse tipo de vulcão pode resultar em erupções explosivas ou fluxos de lava relativamente tranquilos, dependendo da composição do magma. Em contraste, o vulcanismo de fissura ocorre quando o magma é expelido por longas rachaduras na crosta. Outros tipos de vulcões incluem cones de cinzas ou escória, formados pela acumulação de material vulcânico nas margens de uma chaminé, e estratovulcões, grandes e altos, formados por múltiplas camadas de lava, cinzas e piroclastos acumulados. Os vulcões em escudo têm encostas suaves devido à lava fluida que se espalha amplamente; por outro lado os domos de lava são formados por lava viscosa que se acumula em formas variadas, podendo causar erupções explosivas. Caldeiras têm forma de depressão, resultado de grandes erupções; enquanto vulcões denominados cúpulas vulcânicas têm encostas íngremes formadas pelo acúmulo de lava

Os vulcões são classificados em três categorias: ativos, dormentes e extintos. Vulcões ativos, como o Etna, entram em erupção regularmente. Já os vulcões dormentes podem ficar séculos sem atividade, mas ainda têm potencial para novas erupções. O Vesúvio, famoso por soterrar Pompeia, era considerado inativo antes de sua erupção devastadora em 79 d.C. Vulcões extintos são considerados improváveis de entrar em erupção novamente.

Erupções vulcânicas podem gerar tempestades vulcânicas acompanhadas de raios, causados pela fricção e colisão entre partículas de cinzas, gelo e outros materiais presentes na pluma vulcânica. Essa intensa atividade mecânica gera cargas elétricas, criando condições para descargas elétricas.

Além disso, as erupções liberam uma variedade impressionante de gases na atmosfera, formando plumas que podem se estender por quilômetros de altura. Essa mistura gasosa inclui dióxido de enxofre, vapor d'água, dióxido de carbono, cloreto de hidrogênio, fluoreto de hidrogênio, sulfeto de hidrogênio, metano, radônio, entre outros. A composição dessas plumas varia conforme o tipo de magma, a profundidade da câmara magmática e a interação com rochas e água subterrânea. Esses gases podem causar diversos efeitos ambientais, como a formação de chuvas ácidas, a criação de aerossóis que influenciam o clima global e o aumento da concentração de gases do efeito estufa na atmosfera.

No Brasil, apesar de não existirem vulcões ativos atualmente, houve intensa atividade vulcânica no passado, especialmente no fim da Era Mesozóica. Vulcões de alta intensidade cobriram uma vasta área que hoje corresponde ao sul do Brasil, São Paulo, Mato Grosso do Sul e partes do Uruguai, Paraguai e Argentina, originando a maior área de vulcanismo basáltico conhecida no mundo. As ilhas oceânicas brasileiras, como Fernando de Noronha, são formadas por rochas vulcânicas. Recentemente, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo localizou no Pará um dos maiores e mais antigos vulcões preservados do planeta, com 1,85 bilhão de anos. Sua preservação, mesmo após milhões de anos de erosão, é notável, e estudos indicam que ele foi formado após uma erupção catastrófica que gerou uma caldeira de 22 km de diâmetro.

O vulcanismo não se limita à Terra. Em Marte, o Monte Olimpo é o maior vulcão registrado no Sistema Solar, com cerca de 22 km de altura, muito maior do que qualquer vulcão terrestre. Em algumas das luas de Júpiter, como Io, a atividade vulcânica é intensa, com erupções frequentes e uma superfície coberta por lava e gases expelidos. Esses exemplos ajudam os cientistas a entender os processos vulcânicos em diferentes contextos planetários.

Os vulcões também contribuem para a formação de novas terras e para o ciclo de nutrientes, enriquecendo o solo com minerais e favorecendo a biodiversidade. As áreas ao redor de vulcões frequentemente apresentam ecossistemas ricos e diversificados devido à alta fertilidade do solo.

Culturalmente, os vulcões sempre despertaram fascínio e temor. Em muitas culturas antigas, eram vistos como moradas de deuses ou forças divinas. Na mitologia romana, Vulcano era o deus do fogo e dos vulcões, e suas forjas eram associadas à criação de armas e ferramentas. Em culturas como a maia e a asteca, os vulcões também tinham significados espirituais e eram frequentemente associados a rituais e mitos sobre a criação e a destruição.


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