top of page

Antraz: EUA sob ataque

Antraz: EUA Sob Ataque (2022), é um filme documental de drama e suspense que conta a história do ataque bioterrorista de antraz que ocorreu nos Estados Unidos em 2001. A história acompanha a investigação do Departamento de Investigação Federal (FBI), para encontrar o responsável pelo envio de cartas contendo esporos de antraz para diversas personalidades e instituições do país, incluindo o Congresso e a imprensa.

O bioterrorismo (termo inserido no vocabulário a partir destes eventos), ocorre uma semana após o atentado ao World Trade Center, reforçando ainda mais o clima de tensão e medo da população estadunidense que ainda estava em choque e de luto. O país se vê às voltas com uma complexa investigação, e autoridades sofrendo pressão política, correndo contra o tempo para conter a ameaça e identificar o responsável.

Vale apresentar as minúcias da investigação, e no que tange o perfil biológico do agente patológico. O Antraz tem esporos letal e altamente transmissível e resistente a ambientes extremos, podendo existir por décadas nessa forma, tornando extraordinariamente difícil sua eliminação. Ao infectar um corpo, os esporos germinam e dominam o hospedeiro levando-o à morte, para assim voltar para o solo e completar seu ciclo de vida, recomeçando tudo de novo.

O contágio se dá por via inalatória, oral e cutânea. Os sintomas são os mesmos independentemente do modo como foi infectado: febre alta, mal-estar intenso, náuseas, vômito sanguinolento, fortes dores abdominais e diarreia, e é fatal em 50% dos casos, sendo necessário tratamento com antibióticos.

Segundo o longa-metragem, a cepa enviada nas cartas era a Ames, uma cepa utilizada em um programa do exército dos Estados Unidos como bioarma, mas ainda antes, pertencia ao centro britânico de biodefesa, Centro de Pesquisa e Microbiologia Aplicada.

A investigação foi a mais complexa e cara que o FBI já conduziu, durando seis anos e custando milhões aos cofres públicos, e uma das razões que tornou a investigação muito cara, foi que o governo realizou um método pioneiro, o sequenciamento do genoma do DNA da cepa Ames, gerando uma impressão digital genética que conduziu a um único frasco, o RMR-1029, de controle exclusivo de Bruce Ivins, cientista do Instituto de Pesquisa Médica de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos (USAMRIID), que tinha como principal objeto de pesquisa, uma nova vacina contra o antraz, e o principal suspeito.

O esporo RMR-1029 era altamente depurado, 99% refrativo, livre de células vegetativas ou impurezas, apresentando morfologia de bastonete e, segundo o longa-metragem, possui uma casaca de mono aminoácidos que impede os linfócitos T de reconhecê-lo como patógeno.

Quando o FBI solicitou amostras do banco de dados da instituição, bem como do acervo pessoal dos cientistas do USAMRIID para realizar uma comparação com a impressão digital gênica, Ivins contaminou sua amostra com algum elemento que impedia a identificação dos esporos RMR-1029. Porém, por alguma razão, Ivens não descartou uma das amostras do esporo RMR-1029, e esta amostra foi parar nas mãos do FBI.

Os registros da longa permanência fora de horário de Ivins no laboratório, inclusive aos fins de semanas, feriados e durante noites a fio, e com pausas que coincidiam com os períodos dos ataques, reforçaram as suspeitas do FBI de que Ivins era o responsável pelo bioterror, e que era também o primeiro da lista de seis cientistas capaz de cultivar esporos do bacillus anthracis. Ainda as investigações concluíram que as mensagens contidas nas cartas foram codificadas utilizando códons de DNA (T e A).

Os ataques levaram a Food and Drug Administration (FDA) a aprovar uma nova leva da vacina, o que, mais tarde, rendeu ao microbiologista a mais alta honraria concedida pelo exército estadunidense.

Contudo, não ficou efetivamente comprovado que foi Ivins quem enviou as cartas, pois além dele, outros cientistas também manipulavam os esporos criados por Bruce, que suicidou-se durante as investigações, e logo em seguida o FBI arquivou o caso e destruiu todas as amostras da cepa Ames.

bottom of page