O uso indiscriminado de antibióticos aumenta o risco de infecções de difícil tratamento
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica resistência antimicrobiana (RAM) a antibióticos, como uma das principais ameaças à saúde global. Estima-se que milhões de pessoas em todo o mundo sofram de infecções causadas por bactérias resistentes a antibióticos a cada ano, resultando em consequências graves, incluindo incapacidade de tratar doenças comuns e aumentando a taxa de mortalidade.
Os impactos das RAMs são observados em diversas doenças, desde infecções adquiridas na comunidade; infecções urinárias por Escherichia coli ou infecções respiratórias por Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae, que podem não responder mais aos antibióticos usados rotineiramente, a outras doenças de espectro mais grave como a tuberculose multidroga resistente, onde cerca de 480 mil pessoas são afetadas a cada ano. Além disso, a resistência aos medicamentos também está começando a complicar a luta contra o HIV e a malária, ou mesmo outras doenças como a gonorreia.
Uma das principais razões para o surgimento dessas superbactérias está no uso indiscriminado de antibióticos e sem orientação médica. O que se observa é o uso desses medicamentos para tratar infecções virais, como gripes e resfriados, ou mesmo como promotores de crescimento em animais, sem que estes apresentem doenças.
O desafio enfrentado na luta contra as bactérias resistentes é multifacetado. Cada vez mais as RAMs exigem o uso de tratamentos mais prolongados, complexos e de maior custo. Essa resistência é o resultado de mudanças genéticas nos micróbios, que ocorre como consequência ao uso inadequado e excessivo de antibióticos em todo o mundo.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), essas infecções hospitalares afetam principalmente pacientes com internação de longo período e mais fragilizados.
“O desenvolvimento de patógenos multirresistentes são responsáveis pelo aumento da morbimortalidade dos pacientes internados em hospitais e ocasionam um grande aumento nos gastos com saúde devido à prescrição de medicamentos mais caros e ao longo período de internação”.
O ambiente hospitalar não é o único local propício para o desenvolvimento de comunidades bacterianas resistentes. O uso excessivo de antibióticos na agricultura e na criação de animais também contribui para o problema.