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Estudo apresenta alternativa para encurtar tratamento da tuberculose

Testes foram reaslizados in vitro e analisaram a ação de partículas carregadas de antibióticos e outros compostos antimicrobianos em células infectadas pela bactéria causadora da doença.


Tempo de tratamento contra tuberculose pode ser reduzido com o uso de nanopartículas com antibióticos | Foto: Cofen

A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, mais conhecida como bacilo de Koch e afeta principalmente os pulmões, mas também pode acometer outros órgãos e sistemas.


Segundo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), no levantamento mais recente, foram registrados cerca de 80 mil casos de tuberculose no ano de 2022 - 5% a mais em relação a 2021 - e foi responsável por mais de 5,8 mil mortes.


O tratamento da tuberculose é determinado pelo Ministério da Saúde é feito com uso de quatro tipos de antibióticos, e tem uma duração de seis meses. É de total importância que o tratamento seja realizado de maneira adequado cumprindo todo o seu ciclo, pois a bactéria cresce fora e dentro da célula de defesa. Quando está fora, ele se multiplica muito rápido e adquire resistência também muito rapidamente.


Uma nova proposta que pode encurtar o tratamento contra a tuberculose foi apresentada em um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que realiza testes com Nanopartículas carregadas de antibióticos e outros compostos antimicrobianos que lançam simultaneamente múltiplos ataques no organismo infectado pela bactéria causadora da maioria dos casos de tuberculose.


Como funciona o encurtamento do tratamento?


De acordo com a Unesp, a tecnologia tem baixo custo e foi desenvolvida e testada in vitro, e sugerem que esta pode ser uma estratégia de tratamento capaz de driblar a resistência bacteriana. O estudo analisou a atividade antituberculose de nanopartículas por meio da combinação entre um fármaco e o composto natural extraído de exoesqueletos de camarões, funcionalizadas com peptídeos antimicrobianos – nesse caso, provenientes da secreção da pele de uma espécie de sapo encontrada no Cerrado brasileiro e carregadas com a tradicional droga rifampicina.


Os resultados obtidos indicam uma potente ação inibitória de Mycobacterium tuberculosis e a reversão da resistência ao medicamento, sem causar danos e lesões às células – o estudo foi realizado com fibroblastos (células do tecido conjuntivo) e macrófagos (células imunológicas) in vitro.


“Apesar de a rifampicina já ser considerada obsoleta para certas cepas da bactéria causadora da tuberculose, em nosso estudo ela foi reaproveitada e otimizada com peptídeos antimicrobianos que possuem atividade comprovada contra a doença”, diz Laura Maria Duran Gleriani Primo, primeira autora do trabalho, bolsista de iniciação científica e estudante do curso de graduação de farmácia da Unesp.


“Esses peptídeos interagem com diversos receptores em diferentes localizações da bactéria, tanto na membrana quanto no periplasma [matriz localizada entre a membrana citoplasmática interior e a membrana bacterial exterior na bactéria], e mostraram capacidade de revitalizar a rifampicina, que passou a ter ainda mais atividade dentro dos macrófagos”, completa Cesar Augusto Roque Borda, doutorando do Programa de Biociências e Biotecnologia Aplicadas à Farmácia da Unesp e coorientador do estudo.


Perspectivas


O tratamento convencional da tuberculose requer o uso concomitante de diversos tipos de antibióticos e dura aproximadamente seis meses. Esse tempo pode ser ampliado para até dois anos, de acordo com a resposta do hospedeiro e a resistência da bactéria. A ideia dos pesquisadores é que o sistema desenvolvido minimize esse prazo.


“Por meio desse estudo, já sabemos que é possível inserir nos macrófagos uma concentração considerável de antibiótico e peptídeos, suficiente para potencializar o tratamento", diz Fernando Rogério Pavan, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp e coordenador do estudo. “Para o futuro, a expectativa é avançar os estudos para que se possa utilizar esse tipo de sistema nanotecnológico também com outros fármacos, inclusive os de liberação lenta. Desse modo, o paciente não precisaria ingerir a medicação diariamente.”


O próximo passo dos pesquisadores será confirmar in vivo os resultados obtidos em células e estudar o uso das nanopartículas em outras doenças de longa duração, que também requerem períodos de tratamento prolongados


Sintomas da tuberculose

 

·         Tosse por 3 semanas ou mais;

·         Febre vespertina;

·         Sudorese noturna;

·         Emagrecimento.

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