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Buraco negro 33 vezes maior que o Sol é descoberto a 2 mil anos-luz da Terra

Os astrômonos que realizavam observações para o lançamento do próximo catálogo Gaia, o Data Release 4 (DR4), quando descobriram o o buraco negro BH3


Um buraco negro com massa cerca de 33 vezes maior que a do Sol foi descoberto por astrônomos da Agência Espacial Europeia (ESA) após detectarem uma oscilação incomum no espaço. Denominado Gaia BH3, é o segundo maior buraco negro mais próximo da Terra já conhecido na Via Láctea.

O buraco negro recém-identificado está localizado na consteção de Áquila e está a quase 2.000 anos-luz da Terra, sendo orbitado por uma estrela companheira, afirma um estudo publicado na última terça-feira (16), na revista Astronomy & Astrophysics. O movimento oscilante de uma velha estrela gigante chamou a atenção dos astromonos que realizavam observações para o lançamento do próximo catálogo Gaia, o Data Release 4 (DR4).


"Gaia BH3 é o maior buraco negro estelar conhecido", disse o astrônomo e coautor do estudo Tsevi Mazeh, da Universidade de Tel Aviv, em Israel.


“Ninguém esperava encontrar um buraco negro de alta massa à espreita nas proximidades, não detectado até agora”, disse o principal autor do estudo, Pasquale Panuzzo, astrônomo do Observatório de Paris, parte do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França e membro colaborador do Gaia, em um comunicado. “Esta é o tipo de descoberta que você faz uma vez na vida de pesquisador.”

A descoberta do Gaia BH3 foi confirmada por meio de estudo do Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul (ESO) no Deserto do Atacama, no Chile, e outros observatórios terrestres.


“Até agora, buracos negros deste tamanho só foram detectados em galáxias distantes pela colaboração LIGO – Virgo – KAGRA, graças a observações de ondas gravitacionais.”

Os cientistas observaram que a oscilação da estrela companheira foi desencadeada pelo o buraco negro. Dados do Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul, baseado no Chile, e de outros observatórios terrestres confirmaram a massa do buraco negro.

“Este buraco negro não é apenas muito massivo, é também muito peculiar ”, disse Pasquale Panuzzo. Ele é engenheiro pesquisador da agência de pesquisa francesa CNRS e redator principal do estudo.

Gaia BH3 e a sua companheira viajam na direção oposta do que normalmente as estrelas se movem na Via Láctea, essa trajetória contrária sugere que a estrela pertencia a uma galáxia que se fundiu com a Via Látea cerca de 8 bilhões de anos atrás. Gaia BH3 provavelmente se formou após a supernova, ou morte explosiva, de uma estrela que era mais de 40 vezes maior que o Sol, disseram os pesquisadores.

Cientistas estimam que existam cerca de 100 milhões de buracos negros na Via Láctea


Anteriormente, o telecópio espacial Gaia, da ESA, já havia detectado outros dois buracos negros dormentes, denominados BH1 e BH2.


Os buracos negros estelares são pequenos em comparação com os buracos negros supermassivos no centro da maioria das galáxias. Sagitário A* é o buraco negro supermassivo no coração da Via Láctea. Tem 4 milhões de vezes a massa do Sol e está localizado a cerca de 26.000 anos-luz da Terra. A estimativa é de que existam cerca de 100 milhões de buracos negros na Via Láctea.


"Os buracos negros estelares são bem menores e mais jovens do que os buracos negros supermassivos presentes no centro das galáxias (como o Sagitário A*, “fotografado” no centro da Via Láctea). Estes últimos geralmente surgem após a formação de suas galáxias, e podem ter milhões – e até bilhões – de vezes a massa do Sol", esclarece o professor do Istituto de Astronomia e Geociência (IAG) Ramachrisna Teixeira.

A grande maioria dos buracos negros de massa estelar conhecidos estão devorando matéria de uma estrela companheira próxima. De acordo com cientistas, é possível que buracos negros com massas como o Gaia BH3 resultem do colapso de uma estrela pobre em metais e são denominados buracos negros estelares.


As estrelas em pares tendem a ter composições químicas semelhantes, o que significa que a companheira de BH3 contém pistas importantes sobre a estrela que colapsou e formou este buraco negro tão grande. Os dados mostraram que a companheira é uma estrela muito pobre em metais, o que sugere que a estrela que colapsou para formar o BH3 seria igualmente pobre em metais


“O que me impressiona é que a composição química da companheira é semelhante à que encontramos nas antigas estrelas pobres em metais da galáxia,” explica Elisabetta Caffau do CNRS, Observatoire de Paris, também membro da colaboração Gaia.


Ainda segundo Elisabeth, “não há evidências de que esta estrela tenha sido contaminada pelo material expelido pela explosão de supernova da estrela massiva que se tornou BH3.” Isto poderia sugerir que o buraco negro adquiriu a sua companheira apenas após o seu nascimento, capturando-a de outro sistema.




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