O uso de eletrônicos antes de dormir prejudica a produção de melatonina, afetando o sono e contribuindo para problemas como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardíacas, hipertensão e distúrbios comportamentais como depressão, TDAH, ansiedade e dificuldades sociais.
Mais de 60% dos estudantes sofrem com má qualidade do sono devido ao uso excessivo de telas | Foto: Dolgachev
O crescente uso de tecnologias entre adolescentes tem se tornado cada vez mais preocupante sobre como os impactos que esse comportamento pode ter na saúde mental e física dos jovens. Para a psiquiatra Nathalia Seminario Gabioneta, especialista em infância e adolescência e colaboradora de um programa sobre dependências tecnológicas em São Paulo, o abuso desses dispositivos pode prejudicar o desenvolvimento social, emocional e até mesmo físico dos jovens.
Estudos indicam que mais de 60% dos estudantes sofrem com má qualidade do sono devido ao uso excessivo de telas. A luz azul emitida pelos dispositivos e o uso de eletrônicos antes de dormir reduzem a produção de melatonina, prejudicando o ciclo natural de sono. Distúrbios do sono também estão ligados a problemas como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardíacas e hipertensão, o que torna essencial adotar medidas para promover a saúde pública.
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A psiquiátra diz que, embora a tecnologia tenha benefícios, seu uso descontrolado pode ser prejudicial, especialmente quando afeta áreas fundamentais da vida dos jovens, como o sono, problemas de visão e comportamentais como depressão, TDAH e ansiedade, a interação social e outros problemas secundários como diinuição do rendimento escolar. "O problema é que os adolescentes, em um momento de vulnerabilidade emocional e psicológica, podem buscar na tecnologia uma válvula de escape. As redes sociais, por exemplo, muitas vezes geram ansiedade e promovem uma busca constante por aprovação externa, o que é extremamente danoso para o desenvolvimento saudável", afirma Nathalia.
Para ajudar a reduzir esses efeitos, ela sugere que pais e educadores adotem algumas estratégias para controlar o uso da tecnologia entre os jovens. Estabelecer limites para o tempo de tela, especialmente à noite, é uma medida essencial. O sono, de acordo com a psiquiatra, é essencial para o desenvolvimento mental e físico dos adolescentes, e a exposição excessiva às telas prejudica a qualidade do descanso.
Incentivar a prática de atividades físicas e momentos de lazer ao ar livre também é importante para reduzir a dependência digital. Essas atividades ajudam a melhorar o estado emocional e promovem a socialização, que muitas vezes se perde nas interações online.
Gabioneta aconselha "desligar-se" das telas durante os momentos em família. Ao deixar os dispositivos de lado, todos, inclusive os adultos, fortalecem as relações reais e mostram aos adolescentes que a vida vai além das telas. "Essa prática reforça o valor das conexões reais e ajuda o adolescente a perceber que a vida não precisa ser mediada por uma tela", explica a psiquiatra.
A comunicação sobre o uso da tecnologia também deve ser aberta e sem julgamentos, ela recomenda que pais e educadores falem de maneira franca sobre os riscos do uso excessivo, criando um espaço seguro para que os adolescentes possam compartilhar suas dificuldades. Isso facilita uma abordagem mais colaborativa e menos punitiva, o que torna mais fácil para os jovens se abrirem sobre suas experiências com a tecnologia.
Em situações mais graves, quando o adolescente apresenta sinais claros de dependência, como irritabilidade, isolamento e queda no desempenho escolar, Nathalia observa que é fundamental buscar ajuda profissional. "A ajuda profissional pode orientar tanto o jovem quanto a família em estratégias específicas para lidar com a dependência", afirma ela.
Segundo a especialista, o papel dos pais e educadores é essencial para garantir que os adolescentes usem a tecnologia de maneira saudável. Com limites bem definidos e apoio emocional, é possível ajudar os jovens a desenvolver uma relação mais equilibrada com o digital, garantindo que isso não prejudique seu bem-estar físico, social e emocional.