Saiba onde os tornados ocorrem com mais frequência e como a previsão desses eventos ajuda a reduzir os impactos nas populações.
Em estados como o Kansas, é comum que mais de um tornado ocorra simultaneamente! Foto: Reprodução ABC News
De repente o tempo muda e um tornado se aproxima. Em questão de minutos, a tranquilidade de uma cidade pode ser reduzida a escombros, forçando moradores a se proteger e a lidar com a incerteza do que virá.
Tornados são fenômenos meteorológicos que acontecem em diversas partes do mundo, mas são mais recorrentes nos Estados Unidos e Canadá, em regiões denominadas "corredor de tornados" (tornado alley). Tornados são colunas de ar em rotação, em forma de funil, que se estendem desde a base de uma nuvem, geralmente uma cumulonimbus, até a superfície da terra e comumente se formam ao fim da tarde. Eles só são classificados como tornados quando o seu funil toca o solo. Esses fenômenos são conhecidos por sua incrível força destrutiva, especialmente quando se formam a partir de tempestades de supercélulas, que são grandes e poderosas formações de tempestades capazes de gerar tornados intensos e duradouros. Entretanto, mesmo em menor escala, tornados podem causar danos significativos.
A National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) informa que esses eventos variam em tamanho — podem chegar a quase quatro quilômetros de diâmetro —, forma e intensidade, mas são geralmente caracterizados por uma aparência de funil, que pode ser visível quando há poeira, detritos ou condensação de água dentro da coluna de ar. Pequenos tornados geralmente duram cerca de dez minutos, enquanto os eventos de grande magnitude podem durar até 30 minutos. Dependendo de suas características, essas formações são capazes de devastar cidades inteiras, destruindo construções, arrancando árvores e todo tipo de estrutura, e lançando destroços a grandes distâncias.
Os Estados Unidos são o país com a maior concentração e ocorrência de tornados, cuja temporada acontece na primavera e início do verão, especialmente entre os meses de abril e junho, sendo o mês de maio o mais intenso, principalmente na parte central dos Estados Unidos, que pode cobrir até dez estados da região central do país. Este ano, os EUA vivenciaram vários surtos de tornados, somando quase 1.500 eventos relatados durante a temporada.
Mas tornados não ocorrem somente nos Estados Unidos; eles acontecem também em países como o Canadá, onde a alta incidência ocorre durante o verão, especialmente em regiões como as províncias de Ontário-Quebec e as pradarias de Alberta, Saskatchewan, Manitoba.
Em países europeus como Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Polônia, esses eventos podem ocorrer em qualquer época do ano, mas são ocasionais e menos intensos comparados aos dos Estados Unidos. No Japão, os tornados, conhecidos como "tatsumaki", não são muito comuns, mas podem ocorrer em diversas partes do país.
Na Austrália, tornados ocorrem sobretudo nos estados de Queensland, Nova Gales do Sul e Victoria entre os meses de novembro e abril. As condições meteorológicas locais, similares às observadas em outros países, favorecem o desenvolvimento dessas tempestades.
Bangladesh e Índia, localizados no delta do Ganges, também podem experimentar a ocorrência de tornados entre os meses de abril e junho, ainda que com menos frequência. Esses fenômenos costumam estar associados a tempestades severas durante a temporada de monções, quando as condições atmosféricas se tornam mais instáveis.
Alguns lugares da África do Sul também podem ser atingidos por tornados ocasionalmente, particularmente nas regiões centrais do país durante a primavera e o verão. Embora sejam raros, quando ocorrem, podem ser bastante destrutivos. Recentemente, em julho, Tongaat foi devastada por um tornado.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), na América do Sul, esses fenômenos ocorrem no Uruguai, Paraguai, sul da Bolívia, norte da Argentina e na porção centro-sul do Brasil, durante os meses de junho, julho e agosto.
Classificação e monitoramento de tornados
A Escala Fujita é a mais conhecida entre os métodos de previsão de tornados. Embora a Escala Fujita Melhorada (EF) seja bastante difundida, ela não é adotada no mundo todo. Os métodos de previsões variam em alguns países. A EF é utilizada no seu país de origem, os Estados Unidos, e também no Canadá e em alguns países da América do Sul. O Japão ainda utiliza a versão original da escala. Já em países onde os eventos são raros, não há um sistema de monitoramento definido, geralmente utilizando-se as previsões de clima e tempo.
A Escala Fujita original foi criada em 1971 pelo meteorologista japonês Tetsuya Theodore Fujita, da Universidade de Chicago. Ela foi desenvolvida para classificar os tornados com base na gravidade dos danos causados a estruturas e vegetação, correlacionando esses danos à velocidade estimada dos ventos. A escala varia de F0 a F5, sendo F5 a categoria mais devastadora.
No entanto, com o avanço das pesquisas meteorológicas e uma melhor compreensão da resistência das construções, surgiu a necessidade de uma atualização. Assim, em 2007, foi introduzida a Escala Fujita Melhorada, ou EF-Scale, que trouxe uma análise mais precisa dos danos e ajustou as estimativas de velocidade do vento para cada categoria, além de acoplar indicadores de danos e graus de danos.
A EF-Scale é dividida em seis categorias, de EF0 a EF5, cada uma representando uma faixa de velocidade do vento associada a tipos específicos de danos:
EF0 (Ventos de 105 a 137 km/h): Danos leves, como telhas arrancadas, galhos quebrados e pequenas árvores derrubadas.
EF1 (Ventos de 138 a 177 km/h): Danos moderados, incluindo a destruição parcial de telhados, a derrubada de árvores maiores e o deslocamento de veículos.
EF2 (Ventos de 178 a 217 km/h): Danos consideráveis, com casas mal construídas podendo ser destruídas e veículos pesados sendo lançados.
EF3 (Ventos de 218 a 266 km/h): Danos severos. Estruturas robustas, como edifícios, podem ser severamente danificadas, e carros de grande porte podem ser arremessados a distâncias consideráveis.
EF4 (Ventos de 267 a 322 km/h): Destruição devastadora, com casas inteiras sendo arrancadas de suas fundações e estruturas pesadas sendo completamente destruídas.
EF5 (Ventos acima de 322 km/h, podendo chegar a 500 km/h): Danos extremos, com construções de aço reforçado sendo distorcidas ou demolidas e veículos de grande porte sendo lançados a centenas de metros.
Já na Europa, é utilizada a escala TORRO (TORnado and Storm Research Organisation), desenvolvida em 1974, que detalha a intensidade dos tornados com mais precisão que a Escala Fujita, classificando esses eventos de T0 a T10, com possibilidade de incluir categorias além de T10 para tornados extremos. Cada nível da TORRO corresponde a uma faixa de velocidades de vento e a uma descrição específica dos danos. A escala Fujita, por outro lado, oferece uma categorização menos detalhada. A correspondência entre as escalas é a seguinte: F0 abrange T0 e T1, e F5 corresponde a T10 e T11. A TORRO é considerada mais precisa por sua subdivisão mais detalhada e descrição dos danos.
Importância dos sistemas de monitoramento e previsão na resposta a desastres
Tanto na climatologia quanto na meteorologia, qualquer metodologia de monitoramento pode ser determinante na gestão de potenciais catástrofes naturais. Esses sistemas e ferramentas não apenas permitem a classificação da intensidade dos tornados ou outros fenômenos da natureza, mas também desempenham um papel fundamental na resposta a emergências. A capacidade de identificar rapidamente a categoria de um tornado permite às autoridades avaliar a gravidade dos danos e coordenar respostas de maneira mais eficaz. Com informações mais precisas, é possível planejar e implementar operações de resgate e estratégias de reconstrução de forma mais eficiente, com o intuito de minimizar os impactos e prestar apoio às comunidades afetadas, fornecendo abrigos provisórios, água, alimentação, medicamentos, preparando e disponibilizando atendimentos em hospitais, identificando vítimas e localizando parentes que possam dar suporte às vítimas.