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Síndrome de Waardenburg: condição rara que afeta a audição e a pigmentação

A doença é uma desordem genética classificada em quatro tipos, que afeta 1 em cada 42 mil nascimentos e resulta em alterações físicas e auditivas distintas.

Paciente com distopia cantorum, comum no Tipo I, provoca o deslocamento lateral dos olhos, aumentando a distância entre eles | Foto: MedLink Neurology


A Síndrome de Waardenburg (SW) ou síndrome auditivopigmentar é uma desordem genética rara que afeta aproximadamente 1 em cada 42 mil nascimentos. Ela é caracterizada por anomalias na pigmentação e problemas auditivos comumente bilateral e profundo, resultantes de alterações no sistema melanocítico-pigmentário, provocadas por desordens na diferenciação, sobrevivência e migração dos melanócitos durante o desenvolvimento embrionário. A síndrome é dividida em quatro subtipos, baseados nas características clínicas e nos genes envolvidos. A variabilidade clínica ocorre porque mutações em pelo menos seis genes diferentes podem causar a síndrome, resultando em uma ampla gama de sintomas. Embora pouco conhecida, a Síndrome de Waardenburg tem impactos significativos na vida dos portadores, especialmente relacionados à audição e às características físicas distintivas.

Causas e genética

A síndrome é causada por mutações em genes importantes no desenvolvimento de células pigmentares e neurais. Esses genes incluem PAX3, MITF, SOX10, SNAI2, EDNRB e KIT, todos envolvidos na regulação da pigmentação e no desenvolvimento de tecidos auditivos. A migração deficiente dos melanócitos para tecidos como a pele, a íris e a estria vascular da cóclea explica tanto as alterações pigmentares quanto a surdez neurossensorial que caracteriza a síndrome. A transmissão da síndrome é geralmente autossômica dominante, o que significa que apenas uma cópia do gene mutado pode desencadear a condição; no entanto, existem casos esporádicos, sem histórico familiar.


A síndrome é classificada em quatro tipos:

Tipo I (SW1): Forma clássica, com a presença de distopia cantorum, uma condição em que os cantos internos dos olhos estão deslocados lateralmente.

Tipo II (SW2): Apresenta distúrbios de pigmentação e surdez, mas sem distopia cantorum.

Tipo III (síndrome de Klein-Waardenburg): Inclui características do Tipo I, além de anormalidades musculoesqueléticas.

Tipo IV (síndrome de Shah-Waardenburg): Associada à doença de Hirschsprung, caracterizada por megacólon congênito, uma condição médica com dilatação anormal do intestino grosso.


Principais sinais, sintomas e características


Os sinais e sintomas da SW variam entre indivíduos e famílias. As principais características da síndrome incluem alterações pigmentares, como cabelos brancos na região frontal (topete branco) e manchas acrômicas na pele, que são áreas de perda total ou significativa de pigmentação, apresentando-se como manchas esbranquiçadas ou muito claras em relação à pele ao redor. Essas manchas ocorrem devido à ausência ou diminuição de melanina, o pigmento responsável pela cor da pele. Além disso, os pacientes podem ter olhos de cor intensa ou heterocromia (quando cada olho tem uma cor diferente).


Análise histológica dos tecidos afetados revela a ausência de melanócitos em áreas como cabelo, pele e cóclea. Outro sinal marcante é a distopia cantorum, que resulta de alterações no desenvolvimento ósseo da face e provoca o deslocamento lateral das partes internas dos olhos, aumentando a distância entre eles, sendo mais observada no Tipo I. A presença de sinófris (fusão das sobrancelhas) e base nasal larga também pode ocorrer. Pode apresentar anormalidades dos membros superiores.


Além das anomalias físicas, a perda auditiva neurossensorial é um dos sintomas mais debilitantes, variando de moderada a profunda, afetando entre 20% e 60% dos pacientes. Essa surdez é causada pela ausência de melanócitos na estria vascular da cóclea, o que impede o funcionamento adequado do ouvido interno.


Diagnóstico e tratamento


O manejo da SW é multidisciplinar e inclui geneticistas, oftalmologistas, otorrinolaringologistas, dermatologistas e cardiologistas. O diagnóstico da Síndrome de Waardenburg é clínico, baseado em critérios maiores e menores definidos para a condição. Entre os critérios maiores estão: perda auditiva neurossensorial, hipopigmentação do cabelo (topete branco ou cabelos grisalhos antes dos 30 anos), distopia cantorum e alterações na pigmentação da íris. Os critérios menores incluem sinófris, hipopigmentação da pele e base nasal larga. A confirmação do diagnóstico requer a presença de pelo menos dois critérios maiores e um critério menor.


Testes genéticos podem ser realizados para identificar a mutação específica e ajudar a classificar a síndrome corretamente. A avaliação auditiva é essencial, principalmente na infância, pois a detecção precoce da perda auditiva permite intervenções que melhoram a qualidade de vida, como o uso de aparelhos auditivos ou implantes cocleares. O tratamento consiste em controle dos sintomas e suporte das necessidades específicas dos pacientes.


Impacto na vida dos pacientes


As alterações físicas e auditivas associadas à Síndrome de Waardenburg podem impactar a vida dos indivíduos de diversas maneiras. A surdez é frequentemente o maior desafio, dificultando a socialização e o desenvolvimento linguístico, especialmente em crianças. As alterações de pigmentação podem ser marcantes, mas, para muitas pessoas, são vistas como características estéticas sem grandes implicações.


A conscientização sobre a condição, juntamente com o acesso a terapias auditivas e suporte psicológico, pode melhorar significativamente o bem-estar dos pacientes. A aceitação social e o apoio da comunidade são fundamentais para ajudar as pessoas com a síndrome a superar estigmas e levar uma vida plena.

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