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Privação ou má qualidade do sono pode desencadear quadros de dor

Estudo aponta que sono prejudicado por estresse pode estar relacinado a um aumento nas queixas de dor entre profissionais da saúde

Fatores como a percepção de injustiça, a insatisfação com o trabalho, a falta de autonomia, a sobrecarga de tarefas e a pressão por tempo podem gerar estresse e burnout | Foto: ABEN


Pesquisadoras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) realizaram um estudo, publicado na Healthcare, para investigar como o sono prejudicado pelo estresse pode levar a diversos problemas, incluindo dores musculoesqueléticas em profissionais de saúde. A pesquisa acompanhou 125 trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) durante um ano e revelou que o estresse e o burnout, intensificados pela pandemia de COVID-19, prejudicaram a qualidade do sono desses profissionais, aumentando a frequência de dores no corpo.


Tatiana Sato, docente do Departamento de Fisioterapia da UFSCar e uma das autoras do estudo, explicou como o estresse e o burnout aumentam a probabilidade de dores no corpo, especialmente quando associados a uma má qualidade de sono. “Observamos que o estresse e o burnout aumentaram as chances de relatos de dores no corpo. Além disso, uma qualidade ruim do sono também elevou a probabilidade de que os trabalhadores relatem esses incômodos. Uma análise mais profunda, chamada análise de mediação, mostrou que pessoas que se sentem estressadas ou em burnout dormem pior, o que pode explicar parte das dores sentidas”, destacou.


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A pesquisa, realizada durante a pandemia de COVID-19, identificou que, embora o estresse e o burnout já fossem problemas existentes antes da pandemia, esses fatores foram exacerbados pelas condições impostas pelo período de crise sanitária. “O estresse e o burnout já eram comuns entre esses trabalhadores antes da pandemia, mas foram agravados pelas dificuldades do período, assim como a piora na qualidade do sono. Nossa intenção foi avaliar todos esses aspectos e verificar se havia uma relação entre eles e os relatos de dores no corpo”, explicou Sato.


As pesquisadoras conduziram o estudo com base na ideia de que o ambiente de trabalho dos profissionais de saúde pode contribuir para o surgimento de dores. “Essas condições podem variar, desde aspectos psicossociais até a percepção da pessoa sobre a organização do trabalho”, explica Sato.


Ainda segundo ela, fatores como a percepção de injustiça, a insatisfação com o trabalho, a falta de autonomia, a sobrecarga de tarefas e a pressão por tempo podem gerar estresse e burnout. Esse desequilíbrio reflete a disparidade entre o que é exigido dos trabalhadores e a falta de tempo para atender a essas demandas, “manifestando-se como um desequilíbrio entre as exigências e a capacidade do trabalhador”, concluiu.



O estudo revelou que mais de 70% dos trabalhadores entrevistados apresentaram má qualidade do sono, o que é preocupante, pois o sono inadequado pode desencadear vários problemas de saúde. A privação ou interrupção do sono aumenta a suscetibilidade à dor e está associada ao comprometimento cognitivo. “A gestão do estresse e a melhoria da qualidade do sono, bem como as intervenções ergonômicas pós-pandemia de COVID-19, são urgentes nos serviços de saúde e podem ajudar a melhorar a saúde musculoesquelética”, afirmam as autoras.


Vivian Aline Mininel, também docente da UFSCar e coautora do estudo, ressaltou a importância dos achados e a necessidade de transformar as condições de trabalho para reduzir o estresse e o burnout. “Estamos muito satisfeitas com os resultados, pois eles indicam caminhos para aliviar a dor desses trabalhadores, como melhorar a organização do trabalho visando à redução do estresse e burnout e melhorar a qualidade do sono. No entanto, a baixa participação foi uma limitação importante. Esperamos que futuras pesquisas incluam um número maior de participantes”, comentou Mininel.

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