No Brasil, estima-se que são diagnosticados entre 0,9 e 1,5 casos para cada 100 mil pessoas anualmente, com o início dos sintomas iniciando geralmente a partir dos 55 anos.
Diagnosticado com ELA aos 21 anos, o físico Stephen Hawking se tornou um defensor da saúde pública, ele faleceu em 2018 | Foto: reprodução série Genius
Um estudo publicado na revista Muscle & Nerve identificou 51 mutações no DNA mitocondrial associadas à esclerose lateral amiotrófica (ELA). Das mutações identificadas, 13 estão associadas ao aumento do risco de desenvolvimento da doença, enquanto 38 são protetivas. A descoberta dessas variantes abre novas possibilidades para futuros testes diagnósticos, novas pesquisas e terapias.
O DNA mitocondrial (mtDNA) é herdado exclusivamente da mãe e está localizado nas mitocôndrias, organelas responsáveis pela produção de energia celular. Mutações no mtDNA podem causar várias doenças, particularmente neuromusculares, como a ELA, que é uma condição incurável caracterizada pela degeneração progressiva do sistema nervoso e paralisia motora irreversível.
O estudo analisou 1.965 genomas de pacientes do consórcio ALS, uma colaboração internacional de 45 instituições dedicadas ao sequenciamento e estudo da ELA, e 2.547 genomas de um grupo de controle. Os pesquisadores aplicaram a técnica de estudo de associação genômica ampla (GWAS) para identificar polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) ligados à doença, comparando a frequência desses SNPs entre pacientes e o grupo controle.
Entre as 13 mutações associadas ao aumento do risco, foram identificados genes como HV1, HV2, HV3, RNR1, ND1, CO1, CO3, ND5, ND6 e CYB. Por outro lado, as 38 mutações protetivas apareceram em uma gama de genes, incluindo HV1, HV2, HV3, RNR1, RNA2, ND1, ND2, CO2, ATP8, ATP6, CO3, ND3, ND4, ND5, ND6 e CYB. Todas essas variações apresentaram valores de significância estatística (valor-p) menores que 10^-7. As mutações que aumentam o risco têm uma razão de risco (odds ratio) superior a 1, enquanto as que conferem proteção têm odds ratio inferior a 1.
O estudo aponta a primeira associação entre mutações no mtDNA e ELA, oferecendo novas perspectivas para a compreensão da doença. Apesar de não afirmar que essas mutações causam a ELA, a pesquisa destaca que elas estão associadas à condição e podem ser incorporadas em futuros painéis de diagnóstico e pesquisas de terapia gênica.
O projeto contou com o apoio da FAPESP, através dos projetos 13/07838-0 e 14/25602-6. O grupo de pesquisa inclui Marcelo Briones da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), Fernando Antoneli da Unifesp, João Henrique Campos e Renata Carmona e Ferreira. Eles planejam usar inteligência artificial para analisar os dados e sequenciar amostras de pacientes brasileiros, com o objetivo de comparar essas amostras com as 51 mutações identificadas no estudo.
No Brasil, estima-se que são diagnosticados entre 0,9 e 1,5 casos para cada 100 mil pessoas anualmente, com o início dos sintomas iniciando geralmente a partir dos 55 anos.
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