A lista inclui HIV, malária e tuberculose, que causam cerca de 2,5 milhões de mortes anuais, e patógenos como Klebsiella pneumoniae e estreptococo do grupo A, que estão se tornando mais resistentes aos tratamentos e representam um risco crescente à saúde.
A lista complenta plano que já contempla vacinas contra o coronavírus e o SARS | Foto: UFU/Milton Santos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma lista de 17 agentes causadores de doenças que precisam urgentemente de vacinas. O estudo, publicado na revista eBioMedicine, é o primeiro da OMS a avaliar esses patógenos em várias partes do mundo, considerando fatores como gravidade das doenças, risco de resistência a medicamentos e impacto econômico.
Entre os agentes listados estão doenças como HIV, malária e tuberculose, que somam cerca de 2,5 milhões de mortes anuais, além de patógenos como Klebsiella pneumoniae e estreptococo do grupo A, que estão cada vez mais resistentes aos tratamentos convencionais e representam um risco crescente à saúde.
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Kate O'Brien, diretora do Departamento de Imunização da OMS, comentou que, em diversas situações, o desenvolvimento de vacinas tem priorizado o retorno financeiro, em vez de focar na quantidade de vidas que poderiam ser salvas nas comunidades vulneráveis. “Este estudo usa ampla experiência e dados regionais para avaliar vacinas que não apenas reduziriam significativamente doenças que impactam muito as comunidades hoje, mas também reduziriam os custos médicos que as famílias e os sistemas de saúde enfrentam”, afirma ela.
O estudo contou com especialistas de diversas regiões, que contribuíram na identificação dos principais fatores para decidir quais vacinas devem ser priorizadas. Essas análises regionais foram reunidas em uma lista global de patógenos — organismos causadores de doenças — para direcionar a pesquisa e a produção de vacinas contra as doenças que mais ameaçam a saúde pública.
Esse trabalho complementa o plano de resposta da OMS para pandemias, que já contempla patógenos de potencial pandêmico, como o coronavírus e o SARS. Agora, o estudo amplia o foco para doenças endêmicas e crônicas que afetam muitas regiões e causam impacto significativo na saúde e na economia.
A lista também reforça a Agenda de Imunização 2030 da OMS, que visa garantir o acesso universal às vacinas, independentemente da localização. A ideia é oferecer orientação a governos, cientistas e indústrias sobre os melhores pontos para investir em pesquisa e desenvolvimento de vacinas com maior potencial de benefício para as comunidades.
Classificação dos patógenos endêmicos prioritários
A OMS dividiu os patógenos em três categorias, de acordo com o estágio atual de desenvolvimento das vacinas:
Patógenos que exigem mais pesquisas para vacinas
Estreptococo do grupo A
Hepatite C
HIV-1
Klebsiella pneumoniae
Patógenos para os quais o desenvolvimento de vacinas precisa ser intensificado
Citomegalovírus
Gripe (para uma vacina que proteja contra várias cepas)
Espécies de Leishmania
Salmonella não tifoide
Norovírus
Plasmodium falciparum (que causa a malária)
Espécies de Shigella
Staphylococcus aureus
Patógenos com vacinas em fase final de aprovação ou distribuição
Vírus da dengue
Estreptococo do grupo B
Escherichia coli patogênica extra-intestinal
Mycobacterium tuberculosis (tuberculose)
Vírus sincicial respiratório (VSR)
A lista também orienta a atenção para os países de baixa e média renda, onde a necessidade de novas vacinas é ainda mais urgente, devido aos recursos limitados e à alta ocorrência dessas doenças. Assim, a OMS busca apoiar governos e especialistas de diferentes áreas para que concentrem esforços em vacinas que possam ter o maior impacto positivo.