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Lei determina que teste do pezinho ampliado seja implementado em todo o país até 2026

Atualmente, o teste do pezinho detecta apenas seis doenças, mas a versão ampliada pode identificar mais de 50, incluindo imunodeficiências graves, como a Imunodeficiência Combinada Grave (SCID, na sigla em inglês), que requer intervenção imediata.

Teste do pezinho, obrigatório no SUS desde 1992, atualmente detecta apenas seis doenças | Foto: Getty Images


Desde 1992, o teste do pezinho é obrigatório para todos os bebês no Brasil. O exame, feito a partir de uma gota de sangue retirada do calcanhar do recém-nascido, serve para identificar doenças que podem ser tratadas precocemente. No entanto, em muitas regiões, ainda é realizada a versão básica, que detecta apenas seis doenças. A lei 14.154 de 2021 determina que, até 2026, todos os serviços de saúde no país ofereçam a versão ampliada, capaz de identificar mais de 50 doenças.

A empresa paulista de tecnologia Immunogenic, com apoio da FAPESP, desenvolveu um teste nacional que detecta doenças raras, incluindo imunodeficiências graves. Segundo Antonio Condino-Neto, professor da USP e diretor médico da startup, o projeto começou em 2009 e foi testado em milhares de amostras no Centro Jeffrey Modell do Brasil. Ele explica que o objetivo do teste é diagnosticar doenças que precisam de tratamento rápido: “Só faz sentido identificá-las na triagem neonatal se houver tratamento para elas. Essas condições exigem diagnóstico precoce.” Clique e siga Ciência Elementar no Instagram  

Entre as doenças que podem ser detectadas estão as imunodeficiências graves, como a Imunodeficiência Combinada Grave (SCID em inglês), que necessita de intervenção imediata. Segundo Condino-Neto, o ideal é diagnosticar essa condição no primeiro mês de vida para que o tratamento, como o transplante de células-tronco, seja realizado até os três meses.

Na cidade de São Paulo, o teste ampliado é obrigatório desde 2020 e já identificou oito casos de SCID em dois anos, entre 8 mil e 10 mil exames realizados por mês. “Estatisticamente, identificamos o dobro do esperado. Isso nos deixa bastante entusiasmados”, diz o pesquisador.

O teste desenvolvido pela Immunogenic é calibrado para o DNA brasileiro e tem custos mais baixos que os testes importados. Além disso, ele é compatível com diferentes equipamentos de biologia molecular, o que facilita sua utilização em diversos locais. A startup também está negociando a venda do teste em mercados internacionais, como Europa, Estados Unidos e Ásia. “O preço deve ser metade ou menos do que a concorrência”, afirma Condino-Neto.

Por enquanto, o acesso ao teste ampliado no Brasil ainda é limitado. Ele não está na lista de procedimentos obrigatórios da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o que impede sua cobertura pelos planos de saúde. Para mudar essa situação, Condino-Neto destaca a importância da mobilização popular: “A participação popular na cobrança por providências é fundamental para que a triagem neonatal ampliada seja incluída no rol da ANS. Assim, a cobertura será obrigatória pelos planos de saúde e poderá aliviar as contas do SUS.”

Enquanto isso, a Immunogenic busca registro na Anvisa e parceiros para ampliar a produção do teste, reforçando a importância de levar essa tecnologia ao maior número de pessoas no Brasil e no mundo.

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