Médica da família, Marina Manfrim, reforça a necessidade de tratar a saúde mental com prioridade, em meio a crescentes índices de depressão e ansiedade no Brasil.
OMS declara que 970 milhões de pessoas no mundo sofrem de algum transtorno mental | Foto: divulgação
No dia 10 de outubro, o mundo celebra o Dia Mundial da Saúde Mental, uma data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para promover a conscientização sobre os desafios ligados à saúde emocional. Em 2024, a campanha destaca a necessidade de maior acesso a tratamentos e apoio psicossocial, principalmente após os impactos da pandemia.
De acordo com a OMS, mais de 970 milhões de pessoas no mundo sofrem de algum transtorno mental, com a ansiedade e a depressão sendo os mais comuns. O Brasil, infelizmente, lidera as estatísticas na América Latina, com mais de 11 milhões de brasileiros convivendo com a depressão, conforme dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
Para a médica da família, Marina Manfrim, a saúde mental deve ser tratada com a mesma prioridade que qualquer outra condição de saúde física. “É fundamental que as pessoas compreendam que o bem-estar mental afeta diretamente a qualidade de vida. Muitas vezes, os pacientes chegam ao consultório com sintomas físicos, como cansaço crônico e dores, que podem estar relacionados a questões emocionais não tratadas”, explica Manfrim.
Ela reforça que buscar ajuda especializada, quando necessário, é essencial: “A sociedade precisa enxergar o cuidado com a mente como parte do autocuidado. Prevenir e tratar transtornos mentais de forma precoce pode evitar complicações mais sérias”, afirma.
Serviços de atendimento para a população carente
A depressão é uma realidade para milhões de brasileiros, especialmente para aqueles em situação de vulnerabilidade social. No entanto, o acesso ao tratamento e ao apoio emocional é um direito garantido a todos, independente de condições financeiras. Existem diversas opções gratuitas de atendimento para a população carente, disponíveis em todo o Brasil. Conheça os principais recursos que podem ajudar quem precisa de suporte para lidar com a depressão:
Sistema Único de Saúde (SUS)
O SUS oferece atendimento gratuito em saúde mental em todo o país. Unidades básicas de saúde (UBS) e hospitais públicos disponibilizam consultas com psicólogos e psiquiatras, além de tratamentos e medicamentos, conforme a necessidade de cada paciente. O SUS é a porta de entrada para qualquer pessoa que esteja enfrentando problemas de saúde mental, e o atendimento pode ser agendado diretamente nas unidades de saúde. É possível buscar apoio também através do Ouve SUS, e pelo telefone 136.
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unicef
Os CAPS são especializados no tratamento de pessoas com transtornos mentais, incluindo depressão. Eles estão presentes em diversas cidades e são voltados ao atendimento contínuo de casos mais graves. Em municípios maiores, é possível encontrar diferentes tipos de CAPS, que atendem tanto adultos quanto crianças e adolescentes, além de unidades específicas para tratamento de dependência de álcool e drogas (CAPS AD). Adolescentes e jovens de 13 a 24 anos podem buscar apoio também no canal Pode Falar, vinculado ao UNICEF, acessível pelo site.
Clínicas-Escola de Universidades
Muitas universidades públicas e privadas que possuem cursos de psicologia e medicina oferecem atendimentos psicológicos gratuitos através de suas clínicas-escola. Nesses espaços, os atendimentos são realizados por estudantes supervisionados por profissionais experientes, garantindo qualidade no cuidado. Essas clínicas são uma excelente opção para quem mora em cidades que possuem faculdades com esses cursos.
Grupos de Apoio e ONGs
Organizações não governamentais (ONGs) também desempenham um papel importante no apoio à saúde mental. O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma das mais conhecidas no Brasil, oferecendo suporte emocional gratuito por telefone, chat e e-mail. O CVV está disponível 24 horas por dia, pelo número 188, e atende qualquer pessoa que precise de alguém para conversar durante momentos de crise.
Esses serviços são fundamentais para que a população carente tenha acesso ao apoio necessário para enfrentar a depressão. Se você ou alguém que conhece precisa de ajuda, não hesite em buscar uma dessas alternativas gratuitas. O cuidado com a saúde mental é essencial e deve estar ao alcance de todos.